terça-feira, 13 de junho de 2017

Um crime não se resolve com outro

terça-feira, 13 de junho de 2017
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. (Romanos 12.17,18)



Um crime não se resolve com outro

Sabemos que o senso comum de impunidade acomete toda a população brasileira. Estivemos nesta semana assistindo a um fatídico julgamento da cassação da chapa Dilma/Temer, e tivemos a indignação embargando a nossa voz e enchendo os nossos dedos de caracteres repudiais nas redes. A verdade é que já estamos estafados de suportar tanta corrupção, tanta maldade e perversidade em cada canto do nosso território. O grito de todos gira em torno de uma reivindicação por justiça, verdade e qualidade de vida. Não tem quem não tenha gritado (ainda que um grito almático) ao menos uma vez por estas coisas neste ano.
Porém, é preciso reconhecer que a ausência de justiça não pode embasar uma presença ativa da justiça própria ou da “justiça feita com as próprias mãos”, uma vez que isso em si abre um precedente sem tamanho para um estado de barbárie em cada lugar. Já pensou se todo cidadão resolvesse punir os bandidos e ladrões que o afrontam? Quantas vítimas mais nós teríamos e quantos criminosos morreriam sem o direito a um julgamento justo? Creio que o número de vítimas aumentaria e o problema somente se agravaria mais e mais.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. (Romanos 12.19)
O que pretendo afirmar é que um crime não se revolve com outro. Não vamos muito longe como sociedade se a gente decidir por aplaudir o tatuador que resolveu punir um criminoso já detido por ele mesmo. Compreendo que tanto o tatuador quanto muitos de nós brasileiros estamos indignados (e com toda a razão) com a incompetência dos governos estaduais e federais por não garantirem a segurança pública que é um direito constituído ao povo, contudo não podemos compactuar com um ato hostil, violento e tão criminoso quanto que foi esta punição dolorosa e que não representa em si uma manifestação de justiça – cabe mais a uma atitude irresponsável e que deve ser investigada, julgada e determinada como crime e um atentado à vida humana.
Você pode se irar com a corrupção que destrói a sua qualidade de vida, pode se irar com estes políticos ladrões e viciados no poder, que roubam descaradamente do povo e ainda vão a uma câmera para se declarar “honestos, inocentes e não sabedores de nada”, você pode reivindicar por melhorias, por mais dignidade, mais acesso à saúde, educação, segurança, emprego, moradia e saneamento, mas não pode usar de mecanismos criminosos para tal.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. (Romanos 12.20)
Uma sociedade que paga o mal com o mal é uma sociedade que se retroalimenta do mal para subsistir, e por isso mesmo sofre ainda mais do próprio mal.
Deixo, por fim, o meu repúdio pessoal a estes indivíduos que fizeram o que fizeram com este jovem, e deixo claro também que o crime intentado por este jovem não deve ser relativizado por ninguém, mas a gente precisa reagir diferente quanto está diante de uma pessoa que age criminosamente contra nós.
Que o nosso clamor por justiça seja ouvido por Deus e pelas autoridades constituídas e que a nossa essência não seja moldada pela essência do outro, pois somente assim é que construiremos uma sociedade mais pacífica, mais justa e mais humana.
Que finde em mim o ciclo da vingança e da violência e que comece em mim o ciclo da paz e da misericórdia.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. (Romanos 12.21)
por Maycson Rodrigues
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